cavalgada

Ela vinha crescendo, subindo e descendo. Ladeiras e bifurcações no vazio daquelas ruas.
Pessoas em contramão andando errantes, por chegada não se sabe onde.

Ao fundo, casas e montanhas escuras.

Ela caminha o escuro contornando bichos e galinhas, 
porcos e patos nas esquinas da avenida.

Véu de folhas tocam o solto dos cabelos entregues ao tempo,
quando um estrondo anuncia o estouro de cavalos,
ocupando o deserto da rua,
soprando em sua nuca a selvagem urdidura.

Imóvel, ela inspira da crina a cavalgada nua,
atravessada pelo sopro do couro macio.
Dos pulmões abertos
pode enfim chegar em casa, viver seu brio.

Corre perigo no escuro, mas cavalga certa da descoberta.

Ela sabia tatear o presente do vento
Com mãos de encontrar o focinho disposto a beijar-lhe a testa.

Confiança animal,
oferece horizonte ao fechado dos olhos .
Em posse das mãos e do corpo,
ela aceita o convite da sua imensidão.

Comentários

Postagens mais visitadas