Segredo

Ela cresceu nua
desarmada de fechadura.

Por ali todos entravam
todos saiam como queriam.

Entravam como queriam
gozavam,
até cuspiam.

Ela era um patrimônio daquela casa.
Em porta fechada não entra ladrão.

Ameaça,
era sinal de fogo cheirando mentira.
Gente honesta não tem segredo não.


É transparente,
na pureza você mostra.
Gente honesta mostra tudo.
presta contas,
justifica o mundo.
Fala tudo de tudo
nada a esconder não.

Gente honesta se confessa
segredo é pecador.

Só pode ser má intenção mesmo
aquela princesa, bonequinha.
Quem fecha a porta é puta.
Gente suja.

Ali, porto da certeza de quem se é.



É preciso virar do avesso,
mostrar o fundo, o casco.
Palavra não tem valor nenhum,
afunda no escuro.

Desconfia,
é preciso ver o talo,
apalpar com os dedos
todos os buracos.

Verificar assunto de qualquer corpo privado,
insulto,
esse corpo ingrato.

Naquela casa se revelava tudo á mesa,
não tinha hora de silêncio,
de respeito.

Era um desrespeito atrás do outro,
para ter certeza,
mesmo com constrangimento
de não haver muros.

Ali se apedrejava o impuro,
cavando, molestando, anulando
até fazer brotar água dos assuntos todos públicos.

Verificar a pureza dos fatos,
pois quem fecha quer esconder.

Naquela casa os segredos eram perseguidos,
torturados entre os entes tão queridos.

Ela tinha que gozar de portas abertas.

Porta fechada só no banheiro.
Porta de gozar banho seguro,
onde o tempo
se ouvia corpo
além dos muros.

Água e vapor não mentem.













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