das janelas do corpo

Habita um segredo de ler baixinho. Vovó me pede com carinho, e eu ouço todas elas,
sereias, velhas, pedem de volta o ar da palavra que desfaz todas as mazelas, mulher.

Ver ao encontro das portas cerradas, talvez encostadas à chave do calado desperceber de si.
Ser mulher era sobre desaparecimentos.
Alguma lembrança de reaver o corpo que fora parte da vida de cá, por onde, mais à frente, me demorei a vir pelo corpo de mamãe.
Ela havia se casado com o homem mais bonito daquele bairro. Um tipo colonizador Tupiniquim de rosto inflamado, corpo atlético de toda a popularidade boêmia vestindo-lhe o terno em contraste bem alinhado.
Ela, em fuga da autoridade materna, buscou casamento para sonho, em desalinho com o real dos dias. A mulher mais bonita daquele bairro. Beleza de cinema ocupando olhos de cabocla.
Tremendo entre os lençóis de beijos cegos ao corpo, ela era de esconder a pele do diabo nas anáguas de nunca vê-lo nu. Só depois de velho.

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