o inquilino

Estava furiosa, faminta. Garganta travada, seca do pouco que lhe descia.
Digestão árdua e os dentes á frente, atento ao mastigar todo veneno em bálsamo presente.
O tubo acreditava poder sanar-se aos enfrentamentos do lixo que lhe era meticulosamente digerido. Apego, morava no tempo da capacidade de reciclar a merda que lhe convidavam á.
Coisas difíceis de moer, triturar, esmigalhar, de fazer sangrar o tubo furioso por todos os lados.

A boca não sustentava suavidade,
era de dar espaço á maldade muito rápido.

Tubo contraído de denúncia, estado de alerta, de gritar e dar voltas em torno de si, sirene apontando luz ao erro do foco. O tubo precisa ser tratado, está doente, em defesa de não saber o que.
O lábio de cima só dentes. Nada macio á sugar, beijar o sutil e grosso da carne que há. Pronto para morder o que do outro invade, fascista, desmata ao extermínio da sua vontade.
O que nela teso e retraído ao toque, tornou-se fruto disciplinar do inquilino que nela habita todas as manhãs, de ordens que não soube excretar.



 

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