da cama


Aqui você pode tirar a roupa, derramar musculatura retraída de cessar camadas tesas. Aqui você pode dormir, sonhar trepando, amar e recuperar o ar das pressões externas. Aqui se conhece por dentro, você morre e acorda no meio da noite para beber água e ouvir os espíritos.
Aqui pode esquecer e aquecer espaço o bastante para não sufocar as partes mais importantes,
onde cessa o tempo e se cava as amarras de desatar choro, fazer pausa ao corpo esfolado. 

Aqui se toca ferida em restauração corrente em mãos muito quentes de pernas ágeis entrecruzadas costas, ninho de pássaros raros, garganta exposta, cantando ao ouvido o aqui do gesto que desfaz gosto amargo da boca ceifada. Semeia crescente o grito, gozo de poda eterna dos excessos do destino. Daqui me fiz criar, me fazem levantar para cair muito firme sem hesitar. 

Aqui é macio o bastante, expandindo ao mais privado e íntimo cru dos dedos no seu medo investigado e desfeito em humidade. 

Assim se adentra o mistério da aridez se desfazendo em busca delicada por ar eterno.
Textura, corpo escamoso, um peixe dourado ondulando grato ao sustentar da beleza que dali existe bem de perto.


Aqui, me rendo em camadas dedilhadas de não saber nada, sentindo tudo o que há para devolver-lhe a pele, saltando alto da água, meu afluente, aprendendo o voo da calma.



Comentários

Postagens mais visitadas