rio

Eu gostaria de alcançar a cada dia, um pouco da liberdade, fosse me aproximando do seu sopro, tocada pelo seu gesto e coerência fazendo corpo e respirar melhor quando perceber-me ruim.
Eu gostaria de um banho presente, untando mel à pele medrosa, que por fim aceitasse o rubor da carne tocada com cuidado pelo real.

Gostaria de saber-me humana, aceitando e fazendo tudo o quanto há para alcançar. Gozaria paz ao fazer as coisas simples, e lembrar o imenso valor do pequeno, me embalar paciente quando sem clareza ou visão. Perdoar ao peito, doar perfume e estima.
Gastar constância, paz gorda e serena, pois tudo o que há pulsa humano imperfeito.

Eu gostaria que você viesse gozar comigo, aprender a calma do amor presente, amar a liberdade da natureza que há em nós, ver pelo corpo tudo o que nos caminha.

Mãos presentes reconhecendo o toque nu de todas as nossas mazelas e respirar a coragem da escolha em caber-se plenos de ar o bastante, e assim navegar sabedoria e descobertas.

Eu gostaria de aceitar tudo o que há, me acalmar e fazer-me do que vim ser.

Se eu pudesse, você saberia o meu amor molecular.
De beijar lírios e tudo aquilo que coubesse no instante. O belo inconstante, mas eterno.

Entre eu e você o caminho se faz pedindo a prudência e a coragem de habitar verdade, enquanto o sol e a terra nos fazem a travessia, pontes precárias desmoronam, restando apenas nadar, nos tornar rio e reparar o desgaste com entrega.

Subir montanhas e ao destino brotar pela fronte.

Poderia desfazer os nós, 
evitar doer o que queira passagem constante, 
mas insisto nossa tessitura, de nervuras grossas intrincando hálito ao corpo.

Eu gozaria o espaço de crescer entre as espécies que eu não sei,
habitando (a)deus a cada encontro seu. 






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